domingo, 30 de setembro de 2007

Uma viagem ao outro lado do Atlântico - Continuação

3ª Noite: Várias bandas - MONSTER ISLAND OPEN HAUS / BLOCK PARTY (Williamsburg, Brooklyn)

Aconselhado por um amigo que estudou na NYU, decidi espreitar uma block party à maneira hipster da coisa. Esta maneira hipster em vez de frango frito vende vinho de mesa carrascão. Tudo equipado a rigor, artistas de muita Nova Iorque (não toda) reuniram-se para comemorar o 1º aniversário desta iniciativa Monster Island. Para tal organizou-se uma mostra de arte de rua: pintura, instalações, audiovisuais, tudo colorido, inventivo e irreverente (parece um velho a falar). Na verdade só ouvi uma banda, e não era o ansiado cabeça de cartaz: Aa (aka BIG A little a). Uma escuta atenta desta banda mostra um pouco de uma
nova tendência de rua em Nova Iorque: o culto da percussão, vários bateristas em simultâneo a descarregar sequências descoordenadas, por vezes acompanhadas por distorções de guitarra em Fuzz e Overdrive (um pouco de noise às vezes é relaxante). De se ouvir, na onda de Lightning Bolt.


2ª Noite: Paul Speciale Combo e Sonia Szajnberg Trio - Greenwich Village Bistro

Propositadamente, deixei para o final a 2ª Noite. A ideia inicial seria ouvir o Al di Meola no Blue Note (este é conhecido, já fez uns trabalhos com o Paco de Lucia e John Mchlaughlin : Friday Night in San Francisco). Porém, a idade do meu irmão mais novo não permitiu que entrássemos no bar, para descontentamento geral (menos do meu irmão mais novo).
Desiludidos, caminhámos em direcção à praça do Padre Demo numa área italiana de Greenwich Village. Um barzinho vermelho de luzes baixas e esplanada no exterior soava bem para uma boa pint. Não tinha mais do que 6 mesas lá dentro.
À chegada, a primeira boa surpresa. Uma big band de jazz, comandada pelo Sr. Paul - que em tudo fazia lembrar o Paulie 'Walnuts' Gualtieri dos Sopranos, mas com bigode. Sentado no seu piano coordenava o seu speciale combo composto por contrabaixista, baterista, 2 trompetistas (desconfio que tenor e alto), saxofonista e pianista. Nem sei como coube aquela gente toda lá. A verdade é que iam trocando o assento do balcão e a Bud na mão pelo palco (um espaço entre a planta da entrada e a máquina de flippers) e instrumento, mesmo durante a música. Infelizmente não há nenhum site deste senhor que, com os seus 70 anos, não deve dominar o mundo da internet.
"Graças a Deus que gosto de música" nº2.
Tocadas cinco músicas, a banda saiu talvez para um concerto noutro local e instalou-se o silêncio. Tinha sabido a pouco. Ainda perguntei ao Sr. Paul onde se poderia continuar a ouvir bom jazz: sugeriu-me o Vanguard, "it's legendary". Em vez disso, pediu-se mais uma pint.
Ao palco surgiram 3 miudos dos seus 19 anos. Tenho que descrever bem este momento, pois define tudo o que é querer ser músico (PS: acho que está na altura de fazer uma banda).
Ainda nervosos, demoram uns 10 minutos a afinar guitarra, contrabaixo e voz (nunca tinha visto ninguém a afinar a voz com um diapasão). O folhear das pautas era tão agressivo que, claramente deveria ser o seu primeiro concerto (ou dos primeiros). Chegam uns amigos, da mesma idade, que vão cumprimentando os músicos e se sentam nas cadeiras para os ouvir e dar o calor motivador. Um sorriso e uma caixa para tips comeca a circular ainda antes da primeira música.
E eis que a miuda canta..



Ps: Bora fazer uma banda?

Miguel Pereira

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